1994 – O
Eclipse Total do Sol
No dia 03 de novembro de 1994 aconteceria no Sul do Brasil o último eclipse total do século, transformando aquela manhã de
primavera em uma noite de quatro minutos. Uma gigantesca sombra com 200km de diâmetro, situada
na faixa da totalidade, viaja a uma
velocidade de 3.000km por hora, entra
pelo pacífico passa pelo Chile e Bolívia e Paraguai, entra pelo Oeste de santa
Catarina passando pelas cidades de Chapecó, Lages, Criciúma e vai em direção ao oceano atlântico.
Mapa Wikipédia Imagem Google
Imagens
Animação Wikipédia
O eclipse ocorreu em uma quinta-feira, tendo a
totalidade começado exatamente às 10:44h, hora local de Lages, durando
um pouco mais de quatro minutos, apresentando o Sol uma coroa muito espigada e
ativa, com cerca de quatro grandes faixas de projeção coronal. Convém ressaltar
que o sol encontrava-se em um final de máxima atividade Solar com muitas de
manchas solares, que teve seu pico em 1991.
O grupo de Estudos de Astronomia em conjunto como Planetário da
UFSC e o governo do Estado de Santa Catarina através de suas Secretarias de
estado de Turismo e da Saúde, começaram a se planejar quase um ano antes do
evento, afim de orientar a população de como tirar
proveitos da observação do fenômeno sem causar danos a saúde, mais precisamente
problemas relacionado com visão.
Nesta comissão participaram por parte do Grupo de Estudos de
Astronomia, Adolfo Stotz Neto, Alfredo Martins e
Avelino Alcebíades Alves. Pelo departamento de Geociências da Universidade
Federal de Santa Catarina o Professor Paulo Duarte e como representante do
Planetário, a geógrafa Edna Maria da Silva.
Como resultado deste trabalho foi elaborada uma cartilha
explicando todo o fenômeno astronômico bem como os cuidados com a sua
observação com toda proteção que se destinavam as escolas. Foram realizados
também três grandes seminários para
apresentar o fenômeno, o primeiro foi feito na cidade de Criciúma, o segundo na
cidade de Chapecó e o terceiro na cidade de Florianópolis no
dia 28 de outubro as 14:00h, intitulada “Tudo o que Você queria saber sobre o eclipse”. Um vídeo para distribuir na
imprensa televisiva também foi realizado, este foi feito com a ajuda da equipe
de produção do projeto LARUS da UFSC.
Uma semana antes do eclipse o Grupo já se prepara para partir
para faixa da totalidade, afim de registrar o evento, uma grande maioria, por
incentivo de Luiz Beltrame Dal Molin iria para a Fazenda Ciclone a 43km ao Sul do município de
Lages, na Localidade de Capão Alto, BR116 km 284.
José Tadeu Pinheiro e Newton Tesserolli iriam
observar o eclipse próximo a região de Laguna no litoral Sul de Santa Catarina, assim
teríamos duas equipes distintas em pontos bem separados e aumentando as chances
de observação em caso de céu encoberto.
Fazenda Ciclone – Atila Miszer
Fazenda Ciclone – Atila Miszer
Na semana anterior ao evento o Planetário da UFSC, recebeu uma
ligação de Helga Szmuk, astrônoma amadora
ligada União de Amadores de Astronomia solicitou um espaço para apresentar John
Dobson, astrônomo amador Americano e Attila Mizser, astrônomo
profissional húngaro e mais dois amigos, Annamária Balla e Györg Montvai. O Grupo De Estudos de Astronomia, rapidamente
então foi feita uma inclusão para sua fala no dia 31 de outubro as 21:00h tendo
como tema as atividades dos
Grupo dos Sidewalk Astronomers
e o eclipse total do Sol de 1994.
Dobson conduziu a palestra em inglês, falando sobre as
filosofias do Grupo Sidewalk Astronomers,
trazido por Helga. Na verdade esta filosofia viria no
futuro orientar o trabalho do próprio Grupo de estudos de Astronomia que se
tornou um clube de divulgação cientifica. Áttila Mizser, também falou sobre os objetivos de sua vinda ao
Brasil, que era de ver o Eclipse e aprender com Ele pois em 1999 haveria um
eclipse total do Sol sobre a Hungria e Ele teria que dar subsídios a população local.
John Dobson e
Helga Szmuk Inda estiveram
no Planetário da UFSC na segunda-feira antes do Grupo embarcar para Lages, onde
foram recebidos por mim, Adolfo Stotz e Edna Maria,
onde viaeram acertar detalhes de sua ida para Fazenda
Ciclone junto com os membros do Grupo de Estudos Astronomia. Foi nesta dia que John Dobson
perguntou: that bird is this? E prontamente foi respondido em portuinglês
“White anu”, ou seja um anu branco. Como o pássaro não é conhecido nos Estados
Unidos da América, Dobson realmente não entendeu
nada.
Helga Szmuk
Attila Mizser, em
primeiro plano
John Dobson
Para fazenda ciclone
foram: Eu e minha esposa, Adolfo e esposa, Alfredo Martins e seua familiares, Edna Maria e Familiares, John Dobson e seu filho, Helga Szmuk, Atila Mizser e mais dois amigos, Luiz Beltram
Dal molim e família,
Antonio Lucena e Família, Angelita Pereira, Carlos
Magno, Avelino Alcebíades Alves, Paulo Duarte e Família , Marcos Boheme e Sérgio Schiemigelow. Ao
todo foram mais de 40 pessoas.
A
partida para região se deu no dia 02 de novembro, as 07:00h da manhã, no bairro
Itocorubi em Florianópolis junto à casa do presidente
do grupo de estudos de astronomia Adolfo Stotz Neto.
Todos acomodados em um ônibus de 44 lugares todos eles tomados por membros do
Grupo. A Primeira parada foi próxima a Prédio Tribunal de Justiça no bairro Prainha, para embarque de Dobson
e dos húngaros.
Segunda
para foi em um posto de gasolina na margem esquerda da BR 282, no município de
Rancho Queimado, este posto ficou famoso nas próximas viagens que foram feitas para
realização das “festas com as estrelas” que realizamos na cidade de Alfredo
Wagner, pois o mesmo possuía uma bela estufa com pastéis de milho.
A
terceira parada antes de se chegar à fazenda Ciclone ao Sul do município de
Lages foi no Viaduto construído pelo Batalhão do
Exército ainda no município de Alfredo Wagner. Neste local Sérgio Schiemigelow e Avelino Alcebíades Alves, lançaram algumas
pedras até o fundo do vale e através da cálculos da
força gravitacional e velocidade da queda, mediram a provável altura do
Elevado.
A chegada a fazenda
aconteceu as 12:20h, em um dia ensolarado sem nenhuma nuvem, com vento Sudeste fraco, típico aos que
ocorrem após a passagem de uma frente fria de forte atividade. O ônibus
estacionou bem próximo a entrada frontal da fazenda
Ciclone, após percorrer quase 15 minutos por uma estrada de cão batido.
Pode-se notar claramente uma colina
de na parte Sul da Fazenda, com
vegetação de gramínea e algumas araucárias remanescente, e que serviria um excelente ponto para observação
astronômica. A arquitetura da fazenda
era em formato retangular, com um pátio no centro protegido do vento e do frio,
onde poderiam ser colocados os equipamentos durante a noite com suporte de
energia elétrica.
Detalhe dos integrantes do ônibus
Imagem de parte
do Grupo após o eclipse
Após o desembarque todos se dirigiram
ao restaurante da fazenda na parte de traz da Fazenda, um galpão com fogão de
lenha e móveis rústicos, que servia uma excelente comida típica do Planalto Sul
serrano. Durante a tarde todos estavam relaxados por
terem chego justamente em baixo da faixa da totalidade mas não escondiam a
ansiedade para que a manhã do próximo dia chegasse.
Muitos aproveitaram o resto da tarde
com passeios de bondinho junto a uma cachoeira, ou trocando idéias com outros
astrônomos da União Brasileira de Astronomia que também se encontravam na
Fazenda. Ou mesmo jogando sinuca no espaço e lazer da fazenda. Neste curto
espaço de convivência com astrônomos de outros países foi possível traçar um
perfil dos que ali estavam.
Enquanto a equipe de Atila Miszer era extremante receptiva a troca de informação John Dobson, mostrou-se uma pessoa extremamente reservada, que
parecia estar em um universo paralelo ou tirando férias. Dobson
estava mais preocupado em da depoimentos a imprensa
que lá havia comparecido, tanto que na noite anterior , quando realizamos uma
sessão de observação que entrou pela madrugada o mesmo preferi ficar jogando
sinuca com seu filho nas dependências da Fazenda.
Com a vinda da noite o céu da região
mostrou toda a sua transparência, sem vento e sem nuvens, todos em um primeiro
momento subiram a colina para observar o por do Sol. Com binóculos e
instrumentos permanecemos por várias horas olhando o céu. Neste momento Alfredo
Martins e Avelino Alcebíades Alves, mostravam todos os encantos do céu do Sul.
Os Húngaros que lá estavam mostram-se fascinados com a quantidade objetos
visíveis a vista desarmada e com a luz zodiacal que se
apresentou para coroar aquela noite observação.
Luz zodiacal – Attila Miszer
Grupo
observando o céu na colina
Foi nesta noite observação que
Alfredo Martins na ânsia de mostrar rápida mente um aglomerado globular
exclamou “olhem lá!! O M forty seven”.
O grupo logo não entendeu nada porque na verdade objeto Missier 47
ou M47 é um aglomerado aberto que se localiza no
braço do Constelação do Orion
e não na constelação do Tucano. Na verdade
objeto visualizado pelo no querido Alfredo Martins era o 47 Tucanae um lindo aglomerado globular situado muito distante
das constelações zodiacais. Na pressa os gringos pagaram o pato com um pouco de
entrevero.
Após quase duas horas no topo da colina descemos o escuro ruma ao
prédio central da fazenda, como a noite já estava bem escura a descida foi
lenta e em fila indiana, e Avelino Alves com uma lanterna conduzia o grupo,
quando o mesmo exclamou: “Cuidado water no chão”.
Mais uma vez os gringos ficaram sem entender e acredito que enfiaram o pé em
uma poça de água que cortava a picada que levava ao Cume da colina.
Após a janta todos foram para o centro do prédio onde estavam
colimados os telescópios, entre Eles o do Sérgio Schiemigelow
um Celestron de oito polegadas, e um Meade de 10 polegadas com acompanhamento eletrônico do pessoal
da União Brasileira de Astronomia. Com o céu cristalino foi possível observar
inclusive e galáxia de Andrômeda e o Ômega Centauro extremamente nítidos até
perto das duas horas da manhã.
Com o despertador programado para as seis horas da manhã todos acordam
ansiosos para verem as condições do céu observarem o eclipse, mas as condições
encontradas formam as pires possíveis. O Céu encontrava-se com uma densa
neblina sem perspectivas de melhora a curto prazo. A medida que os membros do GEA iam acordando o muro das
lamentações ia aumentando.
A medida que desespero ia
aumentando, Indagações do tipo será que se tivéssemos ficado a nível do mar não
teríamos estas nuvens? Será que dá tempo de irmos ver o eclipse em outro local
mais ao Leste? Nuvens típicas de nevoeiro se dissipam à medida que o Sol
esquenta a superfície da Terra, mas estávamos diante de uma pergunta: Será
que realmente aquelas nuvens eram de um
nevoeiro?
Exatamente a trinta minutos
antes do início da totalidade, o céu começou mostrar as primeiras janelas e sua
dissipação foi muito rápida e quando faltavam cinco minutos o tempo abriu
completamente permitindo a perfeita observação do eclipse total. Um grupo astrônomos com os familiares seguiu para colina,
coordenados por Alfredo Martins e Sérgio Schiemigelow.
No centro do prédio ficaram os integrantes do Grupo, que iam registrar com
fotografias ou filmagens.
O resultado das fotos foram excelentes, cerca
de 50 fotos foram realizadas e vários filmes também foram feitos, através de
Sérgio Schimigelow, Adolfo Stotz
Neto e Paulo Duarte, as fotos forom realizadas por mim. As impressões sobre o eclipse
fora, as melhores possíveis, todos estavam expressando os mais alegres
sentimentos, de ter realizado aquele sonho e de a missão ter sido completada
com pleno êxito.
Anel de brilhante I – José Geraldo
Mattos Anel
de brilhante II – José Geraldo
Mattos Totalidade
- José Geraldo Mattos
A volta para Florianópolis se deu no mesmo dia, após as
observações do eclipse o ônibus partiu rumo a capital, onde
chegou por volta das 17:00hs e todos estavam ansiosos
para revelarem as fotos, pois não se sabia quais seriam a respostas de um filme
ASA 100 contra uma coroa solar. Ale do equipamento que eu utilizei ser de primeira linha, uma maquina Cânon AE-1 e uma
Lente Cânon de 300 mm com cerca de 10 aumentos, o que se sabia sobre o
resultado eram artigos publicados em livros e revistas. Ainda bem que as
revelações já eram possíveis de serem feitas em uma
hora, o que permitiu levar todo material já revelado, pudesse ser apresentado
na palestra do dia 04 de novembro, que
teve como assunto os “Resultados do Eclipse Total de 03 de novembro de 1994”
Material complementar sobre este tópico Você pode ver em: http://www.gea.org.br/antigo/filmes.html