A FOTOMETRIA DE AVELINO ALVES
 
Alexandre Amorim
costeira1@yahoo.com
   
AN Tuc
BP Mus
LU Ara
NP Pav
RR Vel
RV Tel
SS TrA
SW Nor
T Cir
TT Cru
UV Oct
V Tuc
V393 Sco
X Gru
Y Gru
Y Hyi
 
       
Ora, mas tais estrelas já não deviam ser previamente escolhidas ao montar a carta?
A Figura 1 temos uma carta simulada pelo Guide7 para a região de X Gru.
Vemos que só temos a localização da variável e a escala de magnitudes. Que estrelas de comparação usar? Avelino teve que escolher algumas estrelas próximas da variável e estimar suas magnitudes levando em consideração o limite visual de seu telescópio de 20cm, bem como as magnitudes memorizadas de um campo mais comum para ele - a região de UW Cen, usando a carta da RASNZ. Normalmente as magnitudes entre 10.0 e 12.5 são mais aproximadas dos valores V(Johnson) do catálogo Tycho-2 do que as estrelas com mV > 10.0 .

Ao rever 107 estrelas de comparação usadas por Avelino Alves em 36 campos de suas binárias eclipsantes foi obtido o resultado que pode ser acompanhado na Figura 2:

      1. cerca de 11% das estrelas foram estimadas 2 décimos de magnitude mais brilhante que os valores de referência (mV Tycho-2).
      2. 9% das estrelas foram estimadas congruentemente aos valores de referência.
      3. levando em consideração que a variação de ± 0.2 magnitudes é aceitável para o observador visual, conclui-se que cerca de 43% das estrelas selecionadas foram estimadas em valores aproximados aos de referência.
      4. a linha vermelha indica a porcentagem de estrelas vermelhas (b-v > +1.0) escolhidas. Nota-se que as estrelas vermelhas foram as principais responsáveis pelo erro de 5 décimos de magnitude mais fracos que os valores de referência.
      5. outros fatores também devem ser levados em consideração tais como o uso de magnitudes fotográficas adotadas por Avelino com base nas cartas fornecidas e algumas magnitudes do catálogo GSC adotadas na falta do Tycho-2, correspondendo 6% do total de estrelas selecionadas.
Figura 1: Carta de X Gru
 
Figura 2: porcentagem da variação das magnitudes estimadas
    Mesmo após essa hercúlea tarefa, Avelino conseguiu algumas proezas interessantes:
   
O trabalho de Avelino despertou a atenção da AAVSO, de modo que em 1996 ele tornou-se membro da entidade, ocasião em que Marvin Baldwin fez referência a Avelino "continuar seu trabalho sobre algumas estrelas do hemisfério sul desde sua localidade, Florianópolis, Brasil". Para felicitá-lo ainda mais, em 1998 Baldwin enviou um segundo pacote com mais 40 cartas de outras binárias eclipsantes. A mesma tarefa árdua foi realizada e parte destas cartas também foram usadas para a comparação com o catálogo Tycho-2.

Mesmo usando fotometria própria - às vezes auxiliada pelas estrellas da carta da RASNZ para UW Cen - Avelino obteve mais resultados interesssantes dentre as 40 estrelas da segunda remessa:
 

 
Todas as observações de Avelino foram feitas sem conhecimento prévio dos elementos do GCVS, exceto o período de cada binária, normalmente até a terceira casa decimal. Isso implicava em passar noites e meses a fio à procura do primeiro eclipse para depois aplicar o período e prever novos eventos. Depois de vários eclipses observados numa mesma estrela, era comum Avelino usar seus próprios dados para refinar o período fornecido usando cálculos apropriados e feitos de forma totalmente aritmética - como ele mesmo diz: usando uma calculadora de camelô. Uma vez conhecendo a sua seqüência de cálculo foi possível transplantar para as planilhas do MS-Excel e verificar os resultados.

Até mesmo as estrelas de comparação selecionadas para as binárias eclipsantes serão importantes para averigüar o comportamento mais preciso destas binárias, principalmente a obtenção da variação de suas magnitudes visuais, sabendo que o GCVS aponta alguns valores fotográficos.

Mas independente da "fotometria" usada, as observações de Avelino permitem a obtenção de elementos atualizadas para cerca de 35 binárias eclipsantes austrais, facilitando o trabalho de outros astrônomos que desejam estudar tais estrelas.

Parte deste trabalho pode ser visto no "Cantinho do Avelino" -

http://geocities.yahoo.com.br/costeira1/Avelino.htm

BIBLIOGRAFIA:

- Alves,A.A. - comunicações em privado e fichas observacionais
- JAAVSO, vol. 25 (1997), pp. 149,178.
- Guide 7, ©Project Pluto
- SkyCharts 2.75 (Carte du Ciel), ©Patrick Chevalley
 

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