2013

O GEA observa as Auroras Boreais

Fonte: Alfredo Martins e Angela Tresinari

Entre os mais espetaculares eventos astronômicos observáveis à vista desarmada, as Auroras Polares se destacam por imensas peculiaridades. E são muitos os fatores que contribuem para esta visão espetacular seja acompanhada de uma emoção tão intensa que certamente irá perdurar por toda vida.

Vamos citar alguns deles: 1º) O espetáculo luminoso resplandecendo a abóboda celeste, deslocando-se lentamente desde um horizonte ao oposto, em sinuosas estrias únicas ou múltiplas; 2º) Os diversos tons de cores, sendo a verde / amarelo e vermelho mais prevalente derivados do oxigênio atmosférico e as cores azul, violeta / roxo derivados do nitrogênio; 3º) A beleza quase sobrenatural do local de observação – afastado de centro urbano com o solo pisado e as montanhas circundantes cobertos de alvas neves e gelo; 4º) O gratificante silêncio circundante, naturalmente quebrado por interjeições de alegria e espanto mas que permitem você ficar focado na imensidão decorada do cosmo; 5º) O frio intenso que não lhe deixa esquecer sua localização perto ou no próprio Círculo Polar; 6º) A confraternização com outros observadores vindos de muitos países distantes e unidos pelo objetivo comum; 7º) A saborosa sopa de legumes quentinha geralmente servida para não esmorecer ao frio; 8º) Sentir o triunfo de um desejo realizado por tantos sonhos e planejamento criterioso para aventura tão distante e não isenta de riscos; 9º) Ter consciência da natureza física deste fenômeno que representa a íntima ligação entre nosso planeta Terra e sua estrela-mãe – o Sol, numa conexão astronômica regida pela física nuclear; 10º) Celebrar com um brinde de Vodka esta que seguramente foi uma das maiores conquista de suas aventuras pelo conhecimento.

Chama-se Aurora Polar, o fenômeno luminoso consequente a excitação do gás atmosférico por partículas energética provenientes do vento solar que são orientadas pelo campo magnético terrestre através de seus polos. Dependendo da energia desta radiação e dos átomos atmosféricos envolvidos, uma variedade de cores e intensidade de auroras será produzido. Este fenômeno acontece em altitudes que variam de 60 para 240 Km, sendo a cor verde prevalente entre 60 e 120 Km e a vermelho entre 120 e 240 Km de altitude.

Importante lembrar que a atividade astrofísica do Sol se desenvolve em ciclos de 11 (onze) anos, com o mínimo e o máximo dentro deste período. No estado Máximo aparecem um número maior de Manchas Solares, locais justamente onde os eventos eletromagnéticos são intensos e impulsionam as partículas da atmosfera solar em Flares (Erupções Solares) ou CME (Ejeção de Massa Coronal). É neste pico de máxima atividade que o vento solar é mais intenso e consequentemente produzirá mais e intensas auroras. Esta é a ocasião mais indicada para viajar com este objetivo. O atual ciclo solar teve início em 2019 e seu pico de atividade está previsto para 2024.

As Auroras Polares são conhecidas com diversas denominações: Aurora Boreal, Northern Lights, Aurora Borealis, estas no Hemisfério Norte, e Aurora Austral no Hemisfério Sul.

A visibilidade das Auroras Boreais são mais apreciáveis dentro do Círculo Ártico. Na Europa, os países escandinavos oferecem esta possibilidade, especialmente a Noruega cujos portais em Tronsø e no arquipélago de Svalbard são excelentes. Na América do Norte, Fairbanks / Alasca e Canadá são outros portais ótimos para esta experiência única.

Para garantir nossa integridade física e ter conforto nas observações, o cuidado com o vestuário é essencial. Normalmente 3 (três) camadas de roupas são necessárias: 1º) Uma Segunda Pele Térmica, de preferência composta por 90% poliamida e 10% elastano. Embora o Poliéster possa ser usado, os tecidos de poliamida transpiram evitando o acúmulo e congelamento de eventual transpiração, especialmente em se tratando de meias. 2º) Um conjunto de Fleece – essencial para o conforto, leveza e proteção térmica. 3º) Roupa corta vento – absolutamente indispensável para condição de neve; elas são em tecido sintético resistente à água.

Os complementos do vestuário de modo algum são menos importantes: 1º) Botas – devem ser impermeáveis e com solado grosso, pois você ficará por horas em terreno gelado. Se quiser aproveitar uma botinha mais confortável, uma solução de baixo custo é usar Palmilha de Bambu, um excelente isolante térmico. 2º) Meias – como já referido, elas devem ter conforto e proteção para frio intenso. De preferência para aquelas produzidas por Poliamida ou Lã Merino, estas de origem ovina ou caprina de linhagem especial, que são transpiráveis e de grande proteção térmica. Não custa lembrar – as meias de lã pura podem reter a umidade da transpiração, que pode congelar e produzir queimaduras de frio. 3º) Luvas – também impermeáveis e resistentes a temperaturas negativas de -10° C. Se você for fazer documentação de imagens, uma sugestão é usar internamente uma “luva sem dedos”, ou modelos diversos bastante maleáveis, para acessar os diversos setups. 4°) Balaclava – sem dúvidas, as orelhas e nariz são muito sensíveis ao frio e o desconforto é imediato. Proteja sua face e pescoço da melhor maneira possível.

Então, no geral, menos de 2 (duas) dúzias de peças de vestuário é pouco provável que você irá utilizar neste tipo de frio intenso, entre -5 e -15° C, isto se não quiser pagar o constrangimento de ficar ao lado de uma fogueira dentro de uma tenda enquanto seus parceiros se extasiam com o deslumbramento do show auroral ao céu aberto. Em complemento, o frio é prejudicial à eficiência de baterias. Portanto não esqueça de levar uma unidade reserva para não perder aquele registro histórico. É bom saber que o frio também consome o álcool e uma ou duas bicadas numa Vodka não vão impedir que sua noite seja ainda mais maravilhosa.

A OBSERVAÇÃO DE AURORAS POR ALFREDO MARTINS

A cidade de TRØMSO, dentro do Círculo Ártico da Noruega foi o local escolhido devido sua excelência de localização e infraestrutura, e por ter parentes residindo em Oslo. A data foi próxima do solstício de inverno, mês de novembro de 2013. A viagem aérea incluía um stopover de 3 dias em Frankfurt que foi proveitoso para comprar roupas apropriadas e acessórios fotográficos, além da visita turística. O museu de História Natural é imperdível. Depois da escala em Oslo, seguimos eu e a esposa Jacqueline para o nosso destino, onde a vista aérea de paisagens totalmente congeladas não deixava dúvidas que estávamos no Ártico. Trønso muito se assemelha a nossa geografia: localizada numa ilha e espremida entra um canal marítimo e montanhas. Difere muito no planejamento urbano: há túnel extenso que liga o aeroporto ao centro. As calçadas geralmente são aquecidas por baixo para derreter a neve ou gelo e evitar quedas, que se ocorrerem, são absurdamente bruscas e sem defesa. Do nada, você está no chão. O dia inicia com claridade depois das 09:00 h e a noite começa às 15:00 h. Como o comércio fecha às 18:00 h, velas são acessas na porta das lojas para indicar que estão abertas. Uma característica da Escandinávia é que os nativos andam olhando para frente, não falam com visitantes, e você se sente completamente invisível. Não estranhe porque isto é cultural: Dizem eles que seu país é tão bonito que dificilmente alguém irá acrescentar alguma coisa ao que eles já têm e adoram. No comércio são muito gentis e de uma honestidade tão incrível que há de se duvidar que este é o planeta Terra. Todos os passeios e atividades de observação exigem “Booking”. Não perca jamais o oportunidade de fazer um “Dog Sledding“ – o passeio de trenó puxado por 6 cães Huskies. É indescritível a sensação de se deslocar na paisagem nevada, linda, fria, silenciosa, mas ouvindo os comandos curtos, pequenos gritinhos da condutora, aos obedientes e felizes cães que adoram passear.

TROMSØ é uma cidade universitária. Há um grande envolvimento com a biodiversidade marinha, com as questões climáticas da região Ártica e os recursos naturais.. Encontra-se lá um Planetário mas no inverno não tem atividades, mesmo porque a neve acumulada cobre quase toda porta de entrada. O Museu Polar, que conta a conquista do Polo Norte e Sul Terrestre com aspectos da sobrevivência no frio congelante, é visita obrigatória para consciência do estilo de vida e o desbravamento desta região congelada. Ali você terá uma concreta e assustadora ideia do tamanho de um urso polar. Apenas a unha do bichano pode ser equivalente ao tamanho de uma mão humana. Os heróis das conquistas e explorações polares são merecidamente cultuados, especialmente o onipresente Roald Amundsen, o norueguês que primeiro chegou ao Polo Sul em 14 de dezembro de 1911.

O ano de 2013, em seu inverno no Hemisfério Norte, foi a data escolhida para esta aventura justo por ser o período de Máximo Solar no ciclo astrofísico do Sol, propiciando assim as melhores oportunidades de observação do fenômeno auroral.

A contemplação das auroras normalmente são realizadas em local afastado do centro urbano, protegido por uma montanha, para melhor adaptação de visão. Você acessa este serviço por reserva em uma das empresas disponíveis, já incorporadas ao seu hotel. O valor, à época, era de US$ 80,00 por pessoa e incluía o transporte de Van, uma ampla Tenda com fogueira central, chá quente e sopa de legumes para recuperar uma eventual hipotermia. O período contratado era de 7 (sete) horas com início às 18:00 h.

Realizamos 3 (três) programas de contemplação: No 1°, céu absolutamente limpo mas ausente de auroras sendo ótimo para identificação e apreciação das Constelações Circumpolares Norte – a Ursa Menor e sua Estrela Polar, Ursa Maior, Cassiopeia, Perseus, Andrômeda, Cefeu e o sinuoso Draco, sendo a visão nítida da Galáxia de Andromeda um bônus inestimável. No 2º, vimos auroras entre nuvens; no 3° sim, todas as condições foram favoráveis e as auroras eram frequentes e intensas, cumprindo de maneira espetacular as expectativas desta aventura. Ficar ao relento, em cima de uma camada de gelo e neve por 4 horas, com temperatura inferior a –5°C, exige os preparos já citados. Vimos pessoas sem os devidos cuidados que não conseguiram sair do interior da Van; outros ficaram todo tempo dentro da tenda aquecida. Outrossim, os encorajados, por necessidade de manipular os dispositivos de imagens sem luvas, inevitavelmente seus dedos quase congelavam e ganharam fissuras muito doloridas mas compensadoras. Com certeza, tudo ali é gratificado pelo grande entusiasmo e emoção de presenciar este fenômeno de beleza ímpar.

Tipicamente, uma pequena mancha esverdeada aparece no horizonte. Ela aumenta de brilho e tamanho a medida que se desloca em sua direção. Passa por sobre você com brilho máximo e de desloca suavemente ao horizonte oposto, onde se desvanece. Este percurso dura geralmente de 3 a 10 minutos, podendo mais raramente durar até 30 a 60 minutos. Apenas um rastro de luz pode aparecer no céu antes que outro retorne. Ou ele pode vir em multiplicidade e de formas bem diferentes, com sinuosidades e grande extensão. A variação de cores, desde o mais comum verde até o Violeta, depende a intensidade do vento solar que quanto mais energético mais variedade de átomos da atmosfera irá ionizar.

Como bônus de viagem, estando nós a noite relaxando na sauna do Hotel, eis que adentra uma senhora visivelmente animada gritando: “Auroras, auroras, estamos vendo auroras no Centro de Tromsø”. Foi a senha para vestir toda parafernália e pegar os apetrechos. Saímos um busca de um local mais adequado para observação. A solução foi um cemitério no alto de uma colina próxima. Compensou plenamente: vimos um intenso show auroral e estelar em discretas companhias, muitas delas reverenciadas com “velas de sete dias” acesas, dando um ar de Hitchcock ao ambiente frio e silencioso. Descanse em paz Agnethe K. Pedersen (☼1903 † 2003).

Juntando tudo que foi dito: desde sua paixão por coisas da natureza; seu esforço em adquirir conhecimento da ciência envolvida no fenômeno das Auroras Polares para sua completa compreensão; seu investimento e planejamento para a viagem; a descoberta de novos lugares e pessoas de diversas tradições culturais; sentir na pele a brutal diferença climática desde o ambiente em que você vive; visitar museus, especialmente em Oslo, com a história concreta das heroicas expedições de desbravamento do planeta Terra; ter a alegria de realizar um projeto de grande complexidade com sucesso; trazer para toda vida a lembrança de um espetáculo grandioso, de rara oportunidade, deslumbrante aos olhos e fixado na memória por uma miríade de vivências especiais… é, portanto, muito verdadeiro concluir que se aventurar em busca do conhecimento é uma atitude por demais gratificante, inspiradora e transformadora em nossas existências.

MEMÓRIA VISUAL DE ALFREDO MARTINS

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A OBSERVAÇÃO DE AURORAS POR ANGELA TRESINARI

O principal motivo da minha viagem era o de observar a Aurora Boreal, mas havia também o interesse de visitar outras regiões no Ártico que tinham características únicas dos diversos aspectos daquela parte do globo. Minha viagem foi iniciada no Rio de Janeiro em 13 de setembro de 2013, de onde partimos direto para Paris. Ali fizemos conexão para Oslo e na sequência para Tromsø. As atividades e acontecimentos dos meus dias passados em Tromsø foram muito semelhantes aos descritos por Alfredo. A diferença foi que eu estava com um pequeno grupo, organizado no Brasil, e contávamos com um especialista na busca da Aurora. Ele verificava as cartas que apontavam as possibilidades de visualização e saímos nós, em uma van, nas direções das possibilidades, o que significou até 100km de deslocamento durante a noite. Em geral saíamos do hotel por volta de 20h, e retornávamos com os dias quase clareando. Felizmente sempre tivemos sucesso. Tivemos a sorte de visualizar a Aurora nas 4 noites que saímos em sua busca.

Partindo de Tromsø visitamos Sommarøy uma tradicional vila de pescadores com suas casinhas típicas, montanhas e praia de areias brancas.

Nosso próximo destino em busca da aurora foi Kilpisjarvi, Finlândia, viagem de cerca de 5 horas em van, passando pela belíssima região das montanhas Lyngen, beirando fiordes e vilarejos. Kilpisjarvi é um pequeno vilarejo, com cerca de 200 habitantes, à beira do Lago Kilpisjarvi, classificado por geógrafos como o “coração da Lapônia”. Essa é considerada uma das melhores regiões, no mundo todo, para ver a aurora boreal. Além de estar praticamente na mesma latitude de Tromsø, possui clima muito seco, quase desértico e sem precipitações, o que aumenta a possibilidade de tempo bom e avistamento das luzes.

Tudo que foi dito foi confirmado na realidade. As temperaturas estiveram amenas, variando de 2.8°C a -4°C. O céu noturno surpreende! Pudemos testemunhar as Auroras se apresentando durante as 2 noites que estivemos lá, sem a necessidade de sairmos do entorno dos nossos chalés! E contando com esse conforto, pudemos apreciar com tranquilidade a Estrela Polar, e as constelações de Pegasus, Andrômeda e Ursa Maior.

De volta à Tromsø nos organizamos para tomarmos um voo de 2 horas com destino à Longyearbyen, capital administrativa e econômica do arquipélago de Svalbard, na Noruega. O arquipélago é habitado por cerca de 2.500 habitantes, dos quais 60% são noruegueses e 35% russos. Cidadãos de cerca de 40 outras nacionalidades completam seu quadro de moradores. O Tratado de Svalbard, assinado em Paris em 1920, reconhece a soberania norueguesa sobre o arquipélago, impõe como condição a sua perpétua desmilitarização e o direito dos cidadãos dos países signatários nelas se estabelecerem livremente para exploração dos seus recursos naturais, embora subordinados às leis promulgadas pela Noruega. Esse é um tratado que torna Svalbard semelhante à Antártica, em termos políticos. Atualmente 45 países fazem parte do Tratado.

A cidade de Longyearbyen, com cerca de 1.800 habitantes está localizada na ilha de Spitsbergen, o ponto do planeta permanentemente habitado mais próximo do Polo Norte. A cidade está situada em um ambiente de tundra ártica, clima com baixas temperaturas e pouca precipitação, que em geral cai em forma de neve. Sua ocupação remonta ao ano de 1906, com a implantação de uma companhia que ali se instalou para extração da grande quantidade de carvão existente na área. Apesar de suas peculiaridades, como distância, isolamento e clima, é uma cidade que guarda registros de importantes acontecimentos ocorridos ao longo de sua história.

O ambiente da cidade não nos deixa esquecer que estamos no Ártico. Paisagens deslumbrantes, ar limpo, nenhuma poluição, mas as questões relacionadas com as mudanças climática já começavam a sinalizar algumas mudanças no cotidiano dos habitantes da ilha. Os invernos estão mais curtos, as temperaturas oscilantes, precipitações mais pesadas e degelo do permafrost. Em dezembro de 2015 houve uma avalanche na cidade, ocorrência impensável até então. A vida selvagem também é impactada diretamente. Por exemplo, os ursos (cerca de 3.000) estão cada vez mais próximos da área urbana, buscando comida, já que as focas estão desaparecendo. Existem estudos que mostram que a temperatura em Svalbard aumentou em 4 °C nos últimos 50 anos.

Em razão da peculiaridade da localização, clima, ambiente, fauna e flora, a região atrai inúmeros cientistas de diversos países do mundo. Em Longyearbyen está instalado o Savalbard Science Center, considerado centro de excelência na pesquisa e ensino em matérias ligadas às regiões árticas. A cidade conta ainda com um centro de investigação específico sobre a ionosfera e a magnetosfera, trabalhando em torno do radar pertencente ao projeto EISCAT, associação científica composta por diversos países, e que dispõe de um centro dedicado ao estudo das auroras polares e um magnetômetro pertencente à cadeia de receptores do satélite IMAGE.

Existe também uma estação de pesquisa inglesa em Ny-Ålesund, que recebe cientistas de vários países do mundo, que desenvolvem pesquisas nas mais diversas áreas da ciência.

A cidade dispões ainda de um excelente museu que possibilita aos visitantes a imersão nos aspectos da cultura e história natural da região.

Hoje, além de Longyearbyen, a Ilha possui outra cidade chamada Barentsbourg, cerca de 60 km de distância, formada por 400 habitantes russos que exploram uma mina de carvão no local desde 1931.

Nos arredores de Longyearben está localizado o Svalbart Global Seed Vault. Esse banco de sementes é popularmente conhecido como “o viveiro do fim do mundo” ou “A Arca de Noé vegetal”. Sua existência foi pensada para garantir o fornecimento de sementes no caso de um evento de catástrofe global, desastres naturais, conflitos humanos ou outras circunstâncias. O Silo Global de Sementes inaugurado em 2008, e tem capacidade para abrigar três milhões de sementes. O “cofre”, que está localizado a 120 metros de profundidade, é aberto apenas quatro vezes por ano. As câmaras estão à −18 °C e se por alguma razão o sistema elétrico de refrigeração falhar, o montante de gelo e neve que naturalmente recobre o silo – o permafrost – manterá as sementes entre −4 °C e −6 °C. condições que garantem sua conservação durante vários séculos.

Em setembro de 2015, houve a primeira retirada de sementes para repor um banco genético de Allepo, na Síria, e que foi parcialmente danificado por conta da guerra civil no país.

Depois que todos haviam se recolhido nos seus quartos, fomos chamados para vermos a aurora, que estava radiante! Lá fomos nós, e assistimos a mais um espetáculo ímpar!

No dia seguinte fizemos uma viagem de barco até Pyramiden. O passeio em si foi uma calma aventura, quando passamos através de um fiorde, em uma região totalmente selvagem, até chegarmos na cidade russa que foi abandonada no final da década de 90. Pyramiden foi fundada pela Suécia, em 1910, e comprada em 1927 por uma estatal soviética para a exploração das minas de carvão existentes na área. Conforme alguns dados acessíveis, no auge da exploração carvoeira, a cidade chegou a ter cerca de 1.200 pessoas. Após a queda do Regime Soviético e o corte de recursos para as empresas que exploravam carvão na região, a cidade foi abandonada e as minas desativadas em 1998. Os habitantes saíram deixando praticamente tudo para trás, da forma como se encontrava.

De Pyramiden retornamos para Tromsø, de onde partimos para Oslo. Ficamos 2 dias em Oslo, e de lá voamos para Paris e finalmente Rio de Janeiro! A viagem me trouxe conhecimento e encantamento além do que eu havia imaginado. Foi muito gratificante poder vivenciar não só os magníficos espetáculos presenteados pelas Auroras, mas também experimentar o clima, as culturas, as paisagens, e as histórias!

MEMÓRIA VISUAL DE ANGELA TRESINARI

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