Fonte: Alfredo Martins
De modo incomparável, Isaac Newton mudou o mundo em que vivemos e o destino da humanidade estabelecendo os fundamentos modernos da matemática, da ótica e da mecânica, abrindo o caminho para a Revolução Industrial. Superando o gigante Galileu Galilei, sua genial obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), transformou o reinante conhecimento místico em números e fórmulas. A transcrição previsível dos fenômenos naturais criaram novas ciências e possibilitou que, 300 anos após, o homem colocasse seus pés na Lua.
Nasceu dia 25 de dezembro de 1642 na Fazenda Woolsthorpe, Lincolnshire, Inglaterra, já órfão de seu pai. Com 3 anos, ficou afastado de sua mãe por ter ela decidido se casar novamente. Ainda vivenciando uma Guerra Civil na Inglaterra, Isaac teve uma infância solitária que moldou sua vida em melancolia e comportamento antissocial. Contudo, passava seus dias fazendo relógios de sol, invenções mecânicas, réplicas de carroças, moinhos e máquinas, ficando logo conhecido na região por suas habilidades precoces. Naturalmente, estava predestinado ao estudo da Física.
Reconhecido como aluno brilhante na escola de Grantham, em 1661, aos 18 anos, ingressou na Universidade de Cambridge, onde, por sua baixa condição financeira, pagou pedágio de 2 anos como servente. Já agora matriculado no Trinity College, começou a formular suas primeiras teorias sobre forças, movimentos e gravidade, pelas quais se tornaria famoso.
Sendo a curiosidade parceira inseparável dos cientistas, passeando numa feira de quinquilharias Newton viu um objeto estranho faiscando luzes ao sol. Era um prisma. Ele comprou e no mesmo dia iniciou experiências sobre a natureza da luz. Verificando a divisão de um feixe de luz nas cores do arco-íris, e que o mesmo não acontecia com uma única cor separada do espectro. Concluiu que a luz branca era composta por 7 cores separadas. E se estas cores fossem recombinadas, uma luz branca surgiria. A publicação desta descoberta muito ajudou na produção de lentes de melhor qualidade para produção de óculos. Igualmente, melhores microscópios foram fabricados propiciando grandes avanços na Biologia e Medicina. Outra consequência importantíssima foi o surgimento de uma nova ciência: a Espectroscopia. Os diferentes espectros da luz de materiais queimados permitiu descobrir qual substância química estava presente neles. Esta foi uma inestimável contribuição para a astrofísica e cosmologia.
Seus estudos no Trinity foram interrompidos no verão de 1665 por uma devastadora calamidade: a Grande Peste. Newton voltou para a fazenda em Lincolnshire. Então com 23 anos, precisando descrever com consistência suas teorias, criou uma própria Matemática com binômios, cálculo e logaritmo. Focando na questão da Gravidade, foi nesta tranquilidade do campo que surgiu a narrativa da maçã: observando uma fruta cair em direção ao solo (se foi em sua cabeça é outra conversa), Newton intuiu que ela havia sido atraída pela Terra, e que esta mesma força atrairia a Lua para e Terra e os Planetas para o Sol. Mas neste caso surgia outro problema: Por que os Planetas não caiam no Sol? Isaac então lembrou da brincadeira de girar um balde com água preso numa corda: a água se mantinha no balde. Comparando os dois sistemas, chamou de Força Centrífuga esta ação que se opunha à gravidade.
Usando suas habilidades matemáticas, Newton compreendeu que a força da gravidade obedecia a uma “Lei do inverso do quadrado”, representada pela equação F = G m1 m2 / d. Retornando para a Universidade de Cambridge, sua grande descoberta foi reconhecida e, aos 25 anos de idade foi promovido para pesquisador do Trinity College.
Com disponibilidade de tempo, Newton reiniciou suas investigações em Ótica e desenvolveu um novo tipo de telescópio, diferente do Refrator de Galileu Galilei. Um grande espelho côncavo foi por ele próprio construído cuja luz era refletida para uma lente ocular ao lado do tubo: o Telescópio Refletor estava criado no início da década de 1670. Mais potente que os atuais refratores, foi muito difundido na área da astronomia.
Reconhecido por toda sua genialidade, Isaac Newton foi convidado para membro da importante e seleta “Royal Society”, na companhia de outras sumidades como Robert Boyle e seu desafeto Robert Hooke.
Em 1684, seu amigo Edmund Halley lhe fez uma visita em Cambridge. A missão era convencer Newton a publicar seus estudos e conclusões sobre a Mecânica. O argumento de que outros cientistas poderiam tirar-lhe a primazia destas descobertas foi convincente. Dois anos foram necessários para este trabalho.
No dia 28 de abril de 1686 foi publicado e enviado à Royal Society o revolucionário livro: Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, geralmente citado apenas como Principia (Princípios). Os fundamentais conceitos de Gravidade, Força Centrífuga e as três Leis da Mecânica se tornaram conhecidos.
Invenções científicas descortinaram a Revolução Industrial: James Watt fabricou o 1º motor a vapor, estradas de ferro foram construídas assim como grandes navios, pontes e arranha céus. Desenvolveram-se praticamente todas as áreas do conhecimento. Engenharia petrolífera, automobilística, astronáutica e construção de satélites. Astronomia do Sistema Solar e Universo foram mais bem compreendidas. Por todas estas façanhas, Principia foi considerado a maior obra da história da ciência.
Neste sentido, a importância histórica de Isaac Newton e seu legado produzido na Universidade de Cambridge não poderiam jamais serem olvidados pelo GEA. Distante 79 km de Londres, 332 trens diários fazem esta rota em tempo médio de 1 (uma) hora. E as maravilhas da ciência que se desfrutam neste destino compensam de longe o dia reservado para esta visita.
A Universidade de Cambridge é uma verdadeira cidadela que domina os espaços desta localidade. Bem ao estilo inglês, belíssimos prédios centenários compõem a paisagem super agradável para se caminhar. Destaca-se o histórico Trinity College, fundado por Henrique VIII em 1546 como a parte da Universidade de Cambridge. A arquitetura medieval do século 16 é notada na Clock Tower e Great Gate. A impressionante Wren Library foi completada no século 17 e contém tesouros históricos.
Famosos graduados incluem os filósofos Francis Bacon e Bertrand Russell e o poeta Byron, entre outros. Isaac Newton, o maior de todos os cientistas lá permaneceu de 1661 até 1696, tempo no qual produziu seus maiores trabalhos. Os visitantes podem lá apreciar a “Edição Original do Principia”.
Imprescindível salientar que foi em Cambridge, ao final do século 19 e início do 20º que J.J. Thompson fez uma das mais importantes descobertas da Física: Uma placa na parede do seu laboratório avisa – “ Aqui em 1897 no antigo Laboratório Cavendish, JJ Thompson descobriu o elétron, subsequentemente reconhecido como a 1ª partícula fundamental da física e a base das ligações químicas, eletrônica e computação”.
James Clerk Maxwell, autor da Teoria do Eletromagnetismo, e Ernest Rutherford, também pioneiro da Física Atômica, compõem o Panteão de Gênios da Universidade de Cambridge, cuja excelência produziu 32 laureados com o Prêmio Nobel.
Wren Library é visita obrigatória. Além da contemplação de edições históricas de livros e atlas celestes originais, uma miríade de objetos relacionados à astronomia resgatam a evolução da nossa amada ciência: Telescópios, Globos Celestes, Esferas Armilar, mini Planetários com mecânica impressionante, extensa Galeria de Retratos dos personagens da universidade etc.
Finalmente, após andar nos corredores percorridos por Isaac Newton, você pode chegar perto de seu quarto, no 2º andar do bloco dos alojamentos, e sentir a mesma tranquilidade ao observar o lindo jardim “Great Court”. Uma linda macieira no acesso de seus aposentos não deixa dúvidas que você está em sintonia com esta divindade da inteligência humana.
De volta a Londres, é de lei completar a reverência a Isaac Newton visitando seu belíssimo sepulcro, ao lado esquerdo do altar da Abadia de Westminster. Uma justa e digna perene homenagem àquele que o poeta Alexander Pope assim se referiu: “A Natureza e as Leis da natureza descansam ocultas na noite. Deus então disse: ‘Deixem Newton existir!’ E tudo se fez luz.”
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