Equatorial de Bolso

Informativo Astronômico União Brasileira de Astronomia 
Volume IV n° 1  jan/fev 1984 p. 7 

Equatorial de “bolso”  Avelino Alves  União Brasileira de Astronomia (SC)

Sem dúvida, os telescópios adquiridos dos fabricantes já vêm com os mecanismos preparados – joelhos, eixos e escalas – para uma montagem equatorial, que será ajustada segundo a latitude em que se localiza o observador. Tal ajuste permite acompanhar, dentro do foco da objetiva, um corpo celeste na sua trajetória aparente de leste para oeste, controlando-se apenas um dos eixos para esse fim.

Sendo esta questão elementar para aqueles acostumados às observações astronômicas, torna-se interessante para os neófitos, pois lhes dá uma maior compreensão do movimento aparentes da abóboda celeste e sua relação com o movimento próprio de nosso planeta.

Foi assim que me vi, na condição de neófito, animado a conetruir com material de sucata – peças de máquinas de escritório, de eletrodométicos e outras – uma montagem equatorial para minha pequena luneta de 30mm de abertura e 30 vezes de aumento. Depois de vários aperfeiçoamentos agora se parece com os mecanismos dos telescópios.

Consta de uma amostragem sobre um tripé de madeira com um “joelho” que permite ajustar o ângulo compreendido entre o pólo celeste sul e o horizonte topocêntrico de Florianópolis, que é de 27° 34′ aproximadamente. A parte móvel do “joelho” constitui-se de um eixo em torno do qual gira uma peça onde é fixado um outro eixo perpendicular, com possibilidade giratória, e nesse último é presa a luneta. Foram adaptadas engrenagens nos eixos, comandadas por outras menores a fim de dar maior precisão ao movimento. Consta ainda de uma haste com um peso na extremidade para contrabalançar o peso próprio da luneta.

Possuo atualmente um pequeno telescópio refletor, porém já adicionei duas benfeitorias nele. Primeiro, consegui um velho relógio-ponto, quebrado, faltando o balancim e a âncora. Adaptei um freio centrífugo no eixo da engrenagem de maior velocidade e com mais alguma coisa, acoplado ao mecanismo do telescópio, compensa-se a rotação da Terra, dando-me uma imagem praticamente parada no foco da objetiva, por um espaço de tempo razoável. Segundo, foi a confecção de um suporte para um pequeno espelho (de vidraçaria) que reflete, num ângulo de 90°, a imagem obtida pela ocular, quando da observação do sol. Essa imagem, projetada numa tela ou numa parede próxima, tem uma resolução relativamente boa.

 Tais implementos, obviamente, não acrescentam nada naquilo que já foi conseguido pela técnica telescópica, porém, pode suprir ao amador a carência de um material mais sofisticado e, por outro lado, estimula-o no conhecimento do próprio instrumento que usa nas suas observações.

Ver desenho dessa montagem à página 32.

p. 14  – UMA EQUATORIAL DE BOLSO: Avelino Alves, sócio da UBA, surpreendeu a todos no IIº ESRA com sua montagem equatorial em miniatura, construída a partir de toda sorte de pequenas peças. Veja o artigo neste boletim.

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